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MISSÃO ANDINA “SÓ” COM DEUS

MAI 8, 2022

P. Deyvid Vargas, msp (diácono colombiano)

Para aqueles que nos seguem e conhecem, certamente, ser-lhes-á muito familiar o livro do Padre Giovanni, que contem pequenas histórias, cartas e admonições espirituais sobre a vida dos Missionários Servos dos Pobres, intitulado “Missão Andina com Deus”. O que possivelmente é desconhecido para muitos é uma carta do Padre Giovanni do ano de 2012 em que conta as dificuldades da missão e dos inícios do Movimento. Na carta referida, o Padre Giovanni expressava o desejo de que o seu livro se tivesse chamado “Missão Andina só com Deus”.

Quis valer-me desta pequena carta, à que me referi no parágrafo anterior, já que o título que o Padre Giovanni queria pôr ao seu livro me parece muito iluminador. Ainda que, o sentido primitivo que ele queria dar a este “Missão Andina só com Deus” era o de nos narrar a solidão em que se viu envolvido ao querer fundar o Movimento, uma vez que muitas pessoas que o apoiavam, em certo momento o abandonam e exigiram-lhe que suprimisse o livro da “Imitação de Cristo” como regra de vida dos Missionários Servos dos Pobres, pelo que ele para defender o Carisma se colocou apenas nas mãos de Deus.

Contudo, parece-me que o título “Missão Andina só com Deus” é todo um programa de vida e uma síntese do que deve ser o nosso trabalho missionário no meio dos mais pobres. Uma verdadeira missão é um envio e todo o envio inclui tacitamente Aquele que nos envia, pelo que, sem remetente não pode haver envio. E nós, por quem somos enviados? Fomos enviados por aquele que disse: “Não me haveis vós eleito, senão que eu vos elegi a vós, e vos destinei para que vades e deis muito fruto, e que o vosso fruto permaneça” (Jo 15, 16).

Sem Deus a missão não tem sentido. Sem Deus a nossa missão já não é missão, seria um simples trabalho social, um trabalho como o de qualquer ONG onde dás um pouco do teu tempo, mas não entregas toda a tua vida. Mesmo no seio da Igreja, inclusive sendo religiosos, sacerdotes, monjas, ou leigos comprometidos, poderíamos fazer missão sem Deus. Como? Isto é possível? Sim, é possível e mais frequente do que pensamos. Isto pode suceder quando fazemos prevalecer o trabalhar sobre o ser, a ação sobre a oração, quando nos colocamos num ativismo desenfreado no qual pretendemos brilhar, ofuscando a frescura e a beleza do Evangelho vivo, que é Jesus Cristo.

Só Cristo pode saciar a fome dos pobres, só Cristo pode desvelar a verdadeira dignidade do pobre, só Cristo pode curar os corações feridos de tantas crianças pobres, ainda que sa sua humildade profunda, Cristo queira servir-se de nós. Em resumo, ou há “Missão em Andina só com Deus” ou não há missão, não há nada. Quando cheguei ao Perú enamorei-me do carisma dos Missionários Servos dos Pobres porque poem Jesus Eucaristia como o centro da missão. E é que, em verdade, é Ele o verdadeiro Evangelizador, Ele é o dono dos corações… nós poderemos fazer belas pregações, belos apostolados, ter ideias espetaculares, mas sem Cristo não será mais que ruido… “se não tenho caridade, sou como bronze que cintila ou címbalo que retine” (Cor 13, 1). Pelo menos levaremos um pouco de alegria aos que sofrem, mas não transformaremos as suas vidas, coisa que só poderemos fazer se tivermos um contacto constante com o sobrenatural, se amamos passar tempo com Jesus; melhor dito, se amamos “perder” tempo com Jesus, tomamos um “café” com o Senhor.

Quero partilhar convosco que fui ordenado há pouco tempo diácono. Tenho 30 anos, e quero convidar os jovens a dar a dar a sua vida inteira ao serviço do Evangelho, porque ele vale tudo. Hoje nós, jovens, continuamos a ter sede do Definitivo, do Absoluto, daquele que é Eterno, assim que deixemos de lado o “Tik-Tok” e embarquemos nesta aventura somente com Deus, só com Nosso Senhor e com a nossa mãe a Santíssima Virgem Maria.

Estendo este convite a tantos mosteiros que nos apoiam, a tantos monges e monjas de clausura, que, quem sabe, neste momento possam ter pequenos ou grandes problemas ou duvidas vocacionais… chegou a hora de crescer na nossa vida contemplativa. Entre os mais contemplativos, mais os mais contemplativos, mais santos sacerdotes e irmãos religiosos, entre mais oração e mais beleza no mundo.

Agradeço-vos a todos pelas vossas orações e peço-vos que não deixem de pedir pelos missionários que no meio do “terreno” queremos dar a vida pelos nossos irmãos.

Deus vos abençoe